Diante do crescimento vertiginoso da inteligência artificial, a McKinsey, o gigante da consultoria, encontra-se em um momento decisivo de sua história. Após uma década de expansão meteórica, com um efetivo que cresceu de 17.000 para cerca de 45.000 colaboradores entre 2012 e 2022, o escritório inicia uma transformação profunda. O fortalecimento da IA leva a empresa a rever seus modelos tradicionais de recrutamento e a iniciar uma redução significativa nas contratações, especialmente em suas funções de suporte. Uma decisão de grandes consequências para o mercado de trabalho e para o setor de consultoria. Esse movimento reflete uma dupla realidade: um mercado de consultoria enfrentando uma desaceleração econômica global, e uma revolução tecnológica que transforma as profissões tradicionais pela automação. Essa dinâmica insere-se em um contexto mais amplo, em que as inovações digitais exigem uma revisão dos modelos organizacionais e das prioridades estratégicas.
A McKinsey se destaca aplicando às suas próprias equipes uma política que não para de recomendar a seus clientes: a racionalização dos custos e a adaptação dos efetivos diante dos desafios tecnológicos. Sob a liderança de Bob Sternfels, CEO mundial, o escritório começa a se alinhar com uma nova realidade econômica e tecnológica, com o objetivo de focar suas forças vivas em missões de alto valor agregado, enquanto automatiza progressivamente as tarefas repetitivas. As equipes tecnológicas, em particular, são afetadas por essa transformação, com uma eliminação anunciada de cerca de 200 postos, marcando uma mudança clara na gestão de recursos humanos.
Essa evolução não é um caso isolado. A desaceleração da demanda por serviços de consultoria global, exacerbada pelas incertezas econômicas e pela nova prudência das empresas clientes, acompanha um uso crescente das tecnologias de IA capazes de assumir funções antes confiadas a humanos. O caminho iniciado pela McKinsey em 2025 levanta uma questão essencial sobre o futuro das competências e sobre o equilíbrio entre força humana e inteligência artificial em um setor historicamente centrado na expertise humana.
- 1 Transformação digital e impactos na redução das contratações na McKinsey
- 2 O mercado de trabalho e a redução das contratações: um efeito ampliado pela inteligência artificial
- 3 Como a McKinsey aplica seus próprios métodos para reduzir seus efetivos?
- 4 Redução das contratações e desafios humanos no setor de consultoria
- 5 As funções de suporte na linha de frente diante da automação
- 6 McKinsey e a competição no mercado de consultoria na era da IA
- 7 Perspectivas de evolução e desafios futuros no setor de consultoria
Transformação digital e impactos na redução das contratações na McKinsey
A transformação digital representa um dos pilares principais que explicam a decisão da McKinsey referente à queda drástica de suas contratações. Com a ascensão da inteligência artificial, o escritório opera uma virada tecnológica profunda, favorecendo a automação de muitas tarefas antes realizadas por funcionários nas funções de suporte e administrativas. Essa automação resulta em uma redução natural da necessidade de contratações nesses segmentos.
As funções de suporte, que concentram uma parte importante do efetivo, são particularmente afetadas. Quase metade dos colaboradores do grupo atua em funções que não têm contato direto com os clientes, como os serviços de RH, gestão financeira ou logística. Esses cargos agora são os mais expostos a uma eliminação ou transformação radical devido à capacidade da IA em automatizar eficazmente processos repetitivos e gerenciar grandes volumes de dados.
Essa tendência não é uma simples medida pontual de ajuste, mas se insere em uma estratégia de adaptação de longo prazo. O escritório busca realocar seus recursos para as atividades diretamente geradoras de valor para seus clientes, privilegiando os consultores engajados no campo e os especialistas capazes de liderar a transformação digital desses últimos. Nesse contexto, a redução das contratações acompanha um recrutamento direcionado para perfis com competências tecnológicas avançadas, especialmente na análise de dados e inteligência artificial, ilustrando uma mudança completa na natureza dos talentos procurados.
Um exemplo concreto dessa transformação é a redução de 200 postos nas equipes técnicas da McKinsey. Essas eliminações destacam o recentramento do escritório em tarefas estratégicas onde a IA é um vetor de inovação, enquanto internaliza menos operações repetitivas. Essa tendência revela uma mudança de paradigma digital onde a flexibilidade e a produtividade tornam-se prioritárias, em detrimento dos efetivos tradicionais.
Esse reposicionamento ilustra outro fenômeno: em um mercado onde a concorrência se intensifica e os orçamentos se apertam, a McKinsey deve otimizar seus custos sem comprometer seu posicionamento estratégico. Automatizar as tarefas de base permite não só economizar, mas também ganhar rapidez e eficiência, oferecendo uma vantagem competitiva em um ambiente digitalizado. O desafio, portanto, é grande: conciliar uma transformação tecnológica profunda com a proteção do know-how humano chave do setor.

O mercado de trabalho e a redução das contratações: um efeito ampliado pela inteligência artificial
A desaceleração acentuada do crescimento econômico mundial desde 2023 pesou fortemente sobre o mercado de trabalho, com um impacto notável nas contratações em setores como a consultoria. A McKinsey, ao adotar uma política de redução das contratações, reflete uma tendência maior onde a prudência prevalece diante da incerteza econômica. Contudo, esse fenômeno mostra-se muito mais complexo ao se entrelaçar com o avanço tecnológico, especialmente o da inteligência artificial.
Os avanços em IA hoje permitem automatizar diversas funções que historicamente eram prerrogativas humanas, desde a análise de dados até a redação de relatórios, passando pela gestão do relacionamento com clientes e processos administrativos. Essa automação crescente modifica a própria natureza da demanda no mercado de trabalho, reduzindo a necessidade de contratar para os cargos considerados “rotineiros”. Isso leva a uma recomposição dos efetivos e das competências, mais orientada para funções estratégicas e criativas.
No setor de consultoria, o uso ampliado de ferramentas de IA para otimizar processos internos gera uma contração no número de cargos administrativos e técnicos, frequentemente considerados redundantes nesse novo contexto digital. A McKinsey não está sozinha nessa abordagem: concorrentes como Deloitte e EY também implementaram ajustes semelhantes, refletindo um reposicionamento coletivo do setor em torno da tecnologia.
Um quadro sintético dessas evoluções destaca a correlação entre o avanço da inteligência artificial, a redução das contratações em certas funções e a ascensão de perfis especializados:
| Elemento | Antes da ascensão da IA (até 2022) | Impacto em 2024-2025 |
|---|---|---|
| Efetivo total na McKinsey | ≈ 45.000 colaboradores | ≈ 40.000 colaboradores, em queda progressiva |
| Parte das funções de suporte | cerca de 50%, contratações mantidas | Queda acentuada nas contratações, eliminação de postos |
| Demanda por perfis tecnológicos e IA | Crescimento moderado | Aumento direcionado de contratações e treinamentos |
| Orçamento do cliente para consultoria | Fase de investimento estratégico pós-pandemia | Aperto e prudência aumentados |
O cenário do trabalho no setor de consultoria está profundamente alterado. Os perfis centrais não são mais apenas especialistas tradicionais, mas talentos híbridos, combinando domínio setorial e competências digitais avançadas. Essa evolução confronta os atores do mercado com a necessidade de repensar suas estratégias de RH e seus programas de formação.
Como a McKinsey aplica seus próprios métodos para reduzir seus efetivos?
Ironia das ironias, a McKinsey segue um caminho que o escritório recomenda regularmente a seus clientes: a racionalização dos custos pela redução do efetivo. Essa abordagem, mais do que simbólica, é um exemplo de coerência estratégica e de adaptação pragmática frente às transformações tecnológicas e econômicas.
Ao invés de esperar uma crise, a McKinsey inicia uma reorganização proativa, baseada numa análise detalhada das funções e desempenhos. As primeiras decisões miram postos sem contato direto com os clientes, com a potencial eliminação de um décimo do efetivo em vários departamentos. Essa medida, que pode afetar milhares de colaboradores globalmente, será implementada ao longo de 18 a 24 meses para minimizar o choque organizacional.
Na prática, essa racionalização não impede o recrutamento: os consultores operacionais continuam muito demandados, especialmente em missões que exigem alto grau de expertise humana e inovação estratégica. A transição, portanto, privilegia um redirecionamento dos recursos mais do que um simples enxugamento mecânico. Essa abordagem revela a vontade de preservar a qualidade do serviço enquanto melhora a agilidade financeira e operacional.
O CEO Bob Sternfels já preparou quadros e dirigentes para as mudanças futuras, ressaltando que essa transformação responde a desafios de longo prazo, ligados diretamente aos avanços da inteligência artificial. Segundo ele, a digitalização das funções de suporte e a valorização dos colaboradores em tarefas de alto valor agregado são imperativos para manter a competitividade.
Assim, a McKinsey se quer um laboratório de adaptação onde as práticas de consultoria se integram à realidade interna, confrontando a teoria com a implementação concreta. Esse modelo pode inspirar outras grandes empresas diante dos mesmos desafios, mostrando que as transformações digitais não devem apenas ser recomendações, mas se materializar na própria organização.

Redução das contratações e desafios humanos no setor de consultoria
A queda nas contratações da McKinsey naturalmente levanta questões humanas fundamentais. Se o avanço tecnológico traz ganhos de eficiência notáveis, ele também exerce pressão sobre carreiras e trajetórias profissionais dos colaboradores, principalmente nas funções de suporte e administrativas. A transformação digital traduz-se, portanto, por um duplo fenômeno: automação das tarefas e necessária evolução das competências.
O setor de consultoria não pode se desvincular dessas implicações humanas. Um desafio central é acompanhar os colaboradores para funções onde criatividade, capacidade de análise complexa e suporte estratégico são predominantes. Programas de formação contínua, reconversão e aquisição de competências digitais tornam-se imprescindíveis.
A McKinsey, por sua vez, implementa dispositivos de apoio para limitar os impactos sociais negativos. O objetivo é evitar uma mera supressão pura e simples de empregos, em favor de uma transição para funções de maior valor agregado. Essa política inclui iniciativas para reforçar os know-hows em IA, gestão de projetos tecnológicos e relacionamento digital com clientes.
A resistência às mudanças tecnológicas é outro aspecto humano inevitável. Colaboradores mais experientes, às vezes menos habituados às ferramentas digitais, podem enfrentar dificuldades para se adaptar. A gestão é, portanto, chamada a agir com diplomacia e empatia para integrar essa transformação sem ruptura social. O diálogo social e a troca transparente tornam-se alavancas-chave.
Finalmente, a questão da identidade profissional se coloca com acuidade. O papel tradicional do consultor evolui para se inserir em um ecossistema híbrido, onde humano e máquina coexistem. Esse novo paradigma exige uma redefinição das missões, assim como uma nova forma de valorizar competências e talentos, em equilíbrio entre inovação tecnológica e expertise humana.
As funções de suporte na linha de frente diante da automação
Na relação entre McKinsey e a ascensão da inteligência artificial, as funções de suporte ocupam um papel central, pois são as primeiras afetadas pela redução das contratações. Esses departamentos, essenciais para as operações diárias, serão profundamente transformados.
Historicamente, serviços como recursos humanos, contabilidade, logística e gestão administrativa representam cerca de 50% do efetivo do escritório. Esses cargos, frequentemente caracterizados por tarefas repetitivas, são agora os mais expostos à automação via IA e tecnologias associadas.
Essa automação se dá por meio de ferramentas capazes de processar em massa dados, gerenciar processos administrativos sem intervenção humana, ou ainda responder automaticamente a solicitações internas. Por exemplo, softwares de IA podem garantir a gestão da folha de pagamento, planejamento de recursos ou análise de desempenho com precisão e rapidez incomparáveis.
Considerando essa realidade, a McKinsey prevê uma redução que pode alcançar 10% nessas funções. Se essa proporção pode parecer moderada, o volume absoluto representa milhares de empregos suprimidos ou transformados. A sensibilidade dessa medida é grande, pois afeta tanto a estabilidade interna quanto o clima geral dentro da empresa.
Além disso, essa automação cria oportunidades. Os colaboradores liberados de tarefas rotineiras podem ser redirecionados para missões mais qualitativas, ligadas à inovação tecnológica, gestão da mudança ou relacionamento com clientes. Essa virada, contudo, exige um esforço considerável de formação e políticas revisadas de gestão de talentos.
Em suma, a gestão das funções de suporte diante do avanço tecnológico ilustra um desafio organizacional de grande porte, onde a McKinsey se posiciona como pioneira. A capacidade de combinar redução de custos, acompanhamento humano e evolução digital será decisiva para garantir a perenidade e a competitividade nos próximos anos.

McKinsey e a competição no mercado de consultoria na era da IA
O mercado de consultoria, particularmente competitivo, sofre uma verdadeira mutação sob o efeito combinado da inteligência artificial e das restrições macroeconômicas. A McKinsey, como líder histórico, enfrenta uma necessidade dupla: adaptar-se ao avanço tecnológico ao mesmo tempo em que responde às expectativas mutantes de seus clientes.
Nos últimos anos, o escritório teve um crescimento rápido, impulsionado por uma demanda sustentada por consultorias estratégicas, transformação digital e desenvolvimento tecnológico. No entanto, a prudência das empresas clientes, que tendem a limitar seus orçamentos de consultoria num contexto econômico incerto, obriga a repensar os modelos econômicos e as ofertas propostas.
Essa recomposição manifesta-se por meio do aumento da inovação interna, principalmente no desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial para melhorar diagnósticos, otimizar estratégias e acelerar a tomada de decisão. A McKinsey investe em soluções proprietárias destinadas a automatizar parte do trabalho de análise e relatórios, reduzindo a dependência dos grandes volumes de consultores para essas tarefas.
A competição também se dá pela imagem da marca e a capacidade de encarnar uma expertise inovadora. Oferecer uma resposta combinada que una consultoria humana de alto nível e suporte tecnológico torna-se um fator chave de sucesso. Nesse contexto, a redução das contratações em equipes não estratégicas é compensada por recrutamentos mais seletivos e mais orientados para as competências relacionadas à IA.
Por fim, a McKinsey deve gerir o desafio de aproveitar seus efetivos atuais para acelerar o desenvolvimento de competências, ao mesmo tempo em que mantém uma relação de confiança com seus clientes. O equilíbrio delicado entre redução de custos, qualidade do serviço e inovação tecnológica agora dita a dinâmica competitiva nesse mercado em plena transformação.
As vantagens estratégicas da integração da IA
- Ganho de produtividade : redução dos prazos de análise e elaboração das recomendações.
- Automação dos processos internos : diminuição dos custos operacionais.
- Fortalecimento da qualidade dos serviços graças a um melhor aproveitamento dos dados dos clientes.
- Desenvolvimento de novas ofertas de serviços focadas na transformação digital.
- Flexibilidade organizacional : adaptação rápida às evoluções do mercado.
Perspectivas de evolução e desafios futuros no setor de consultoria
Até 2025 e além, o setor de consultoria deverá continuar navegando em um ambiente marcado pela ascensão das tecnologias de inteligência artificial e pelas flutuações econômicas globais. A McKinsey, à semelhança de outros atores importantes, deverá implementar uma estratégia ágil, combinando inovação tecnológica, desenvolvimento de talentos e gestão das transformações humanas.
Os desafios a enfrentar são numerosos. No plano tecnológico, será necessário prosseguir a integração das ferramentas de IA nas práticas diárias, ao mesmo tempo em que se preserva o valor agregado da consultoria personalizada. Paralelamente, a adaptação das competências será crucial para garantir a pertinência das equipes diante de uma demanda em constante evolução.
Do ponto de vista social, empresas como a McKinsey darão um passo decisivo ao implementar políticas de apoio proativo aos colaboradores afetados pelas supressões de postos, favorecendo formação, reconversão e mobilidade interna. Essas medidas permitirão limitar os impactos negativos ao mesmo tempo em que consolidam a coesão interna.
Finalmente, o modelo econômico da consultoria deverá se redefinir em torno do equilíbrio entre inovação digital e consultoria humana, oferecendo serviços integrados capazes de responder às necessidades complexas dos clientes em um mundo em constante mudança. Esse reposicionamento estratégico estará no centro dos futuros sucessos, combinando exigências tecnológicas e expectativas crescentes em termos de eficiência e criação de valor.