Em 2025, a revolução digital não se mede mais apenas em capacidade de cálculo ou em volumes de dados processados, mas em bilhões de litros de água utilizados pelas infraestruturas que sustentam a inteligência artificial. No momento em que a IA se torna onipresente em nossas vidas, seu consumo de recursos naturais, especialmente de água, atinge um nível sem precedentes. Um estudo recente conduzido por Alex de Vries-Gao, pesquisador da Universidade VU de Amsterdã, revela uma realidade impressionante: a quantidade de água utilizada pela inteligência artificial se aproxima, ou até supera, aquela que os humanos consomem anualmente em forma de garrafas de água. Essa sede inesperada levanta questões profundas sobre o impacto ecológico da IA e incentiva a repensar os modelos energéticos e hídricos aos quais ela recorre.
Enquanto os gigantes tecnológicos como Microsoft, Google ou Meta intensificam seus investimentos em IA generativa, esse avanço digital vem com um custo ambiental frequentemente subestimado. Mais do que uma questão de eletricidade, o consumo de água relacionado à inteligência artificial, especialmente para o resfriamento dos milhares de servidores e das usinas elétricas associadas, torna-se um desafio crítico. Essa tensão em torno dos recursos hídricos já se manifesta em algumas regiões onde os data centers competem com as necessidades básicas das populações locais por água potável e para irrigação. Assim, a promessa de uma tecnologia capaz de contribuir para resolver a crise climática colide com sua própria pegada ecológica, complicando a corrida por uma transição digital sustentável.
- 1 O consumo de água relacionado à inteligência artificial: uma realidade numérica impressionante
- 2 Por que a IA necessita de tanta água? Compreendendo o consumo hídrico direto e indireto
- 3 Consumo energético e impacto ambiental: a água, um elo essencial mas desconhecido
- 4 O impacto ecológico do consumo de água pela IA sobre os recursos naturais mundiais
- 5 O custo real de uma consulta IA: além da eletricidade, um consumo significativo de água
- 6 Transparência e responsabilidade: um desafio político para regulamentar o consumo de água da IA
- 7 A relação paradoxal entre IA, consumo de água e combate às mudanças climáticas
- 7.1 Por que a IA consome tanta água?
- 7.2 Como o aumento do consumo de água da IA pode impactar as populações locais?
- 7.3 Quais soluções existem para reduzir esse consumo de água ligado à IA?
- 7.4 Cada consulta IA tem um impacto concreto no consumo de água?
- 7.5 A IA pode ajudar a resolver a crise climática apesar do seu impacto?
O consumo de água relacionado à inteligência artificial: uma realidade numérica impressionante
Os números revelados em 2025 desafiam as percepções tradicionais sobre o impacto ecológico da inteligência artificial. Segundo os dados compilados por Alex de Vries-Gao, a demanda de água da IA poderia atingir entre 312 e 765 bilhões de litros em um único ano. Para colocar esse volume em perspectiva, equivale ou supera o consumo mundial anual total de garrafas de água por toda a população humana. Esse dado destaca um problema pouco divulgado: o consumo gigantesco de água necessário para manter essas enormes infraestruturas digitais que alimentam todas as aplicações de IA, desde um simples chatbot até os modelos de linguagem mais avançados.
A tabela abaixo ilustra os volumes comparados de água consumida por diferentes usos, ressaltando o peso crescente da IA no panorama global dos recursos hídricos:
| Uso | Consumo anual (em bilhões de litros) |
|---|---|
| Consumo mundial de garrafas de água | 500 |
| Consumo de água relacionado à IA (estimativa baixa) | 312 |
| Consumo de água relacionado à IA (estimativa alta) | 765 |
| Resfriamento dos centros de dados em nuvem não relacionados à IA | 350 |
Essa comparação demonstra que o consumo direto e indireto de água gerado pela inteligência artificial rivaliza com os usos tradicionais da água para consumo humano. Isso não apenas abala as expectativas quanto ao impacto ambiental do digital, mas também aguça o debate sobre a sustentabilidade dessas tecnologias num futuro próximo.

Por que a IA necessita de tanta água? Compreendendo o consumo hídrico direto e indireto
A grande necessidade de água da inteligência artificial explica-se principalmente por dois fatores fundamentais ligados às infraestruturas tecnológicas: o resfriamento dos servidores e a produção de eletricidade que alimenta essas instalações.
O sistema de resfriamento: uma gota de água torna-se indispensável
Os centros de dados que hospedam as inteligências artificiais usam uma quantidade fenomenal de circuitos eletrônicos complexos. Esses centros funcionam graças a chips de alta performance, especialmente os GPUs, que geram um calor intenso durante o aprendizado ou a geração de conteúdos pelas inteligências artificiais como GPT-4 ou Gemini. Sem um resfriamento eficiente, esses componentes correriam o risco de superaquecer e falhar.
Para dominar essa temperatura, os data centers empregam sistemas de resfriamento à base de água, muitas vezes por imersão ou por circulação em torres de resfriamento. Essa água circula nos circuitos para absorver o calor e é depois evacuada sob forma de vapor, o que provoca uma evaporação massiva. É essa evaporação — às vezes até 80% da água usada — que representa uma perda real para os recursos hídricos locais, contribuindo para o esgotamento das reservas de água em certas regiões.
Consumo hídrico indireto: o peso oculto das usinas energéticas
A face menos visível, mas igualmente crucial, desse consumo de água ligado à IA provém da eletricidade consumida. A maior parte da energia elétrica mundial ainda depende de usinas térmicas, nucleares ou de combustível fóssil, cujo funcionamento requer grandes quantidades de água para o resfriamento dos reatores ou turbinas.
Segundo as análises disponíveis, o consumo indireto de água das usinas que alimentam os centros de dados muitas vezes representa uma parcela maior do que a água empregada diretamente para resfriar os servidores. Portanto, é um duplo efeito “água e energia” que pesa sobre os recursos hídricos do planeta.
Consumo energético e impacto ambiental: a água, um elo essencial mas desconhecido
Embora o consumo energético da IA seja frequentemente mencionado, com potências absorvidas que podem atingir 23 gigawatts no final de 2025, o impacto nos recursos hídricos ainda é pouco conhecido pelo público geral e, às vezes, até pelos tomadores de decisão.
De fato, o consumo intensivo de energia elétrica, combinado ao resfriamento por água, torna a gestão hídrica um desafio majoritário. Isso não se limita a um problema localizado na sala dos servidores, mas se estende às bacias hidrográficas e aquíferos que podem ser pressionados.
Esse processo aumenta a pegada ecológica global das infraestruturas digitais e levanta a seguinte questão: como conciliar desenvolvimento tecnológico e preservação dos recursos naturais? Aqui estão alguns impactos principais observados explicados em detalhes:
- Estresse hídrico regional: Instalação de data centers em zonas já fragilizadas hídricamente, como determinados estados americanos, Espanha ou América do Sul, onde a competição entre indústria e agricultura se intensifica;
- Poluição térmica e química: A água usada nas torres de resfriamento é frequentemente rejeitada a temperaturas elevadas, afetando a biodiversidade aquática local;
- Emissão indireta de CO₂: Pela produção de eletricidade proveniente de fontes fósseis, o consumo de água está também ligado a emissões ambientais elevadas.

O impacto ecológico do consumo de água pela IA sobre os recursos naturais mundiais
A magnitude do consumo de água pela inteligência artificial convida a um exame aprofundado de seus efeitos sobre os recursos naturais globais. No contexto de emergência climática e aumento dos fenômenos de seca, essa demanda crescente por água potável e industrial tem repercussões importantes.
Para compreender melhor o desafio, é preciso primeiro distinguir os diferentes tipos de água envolvidos. A água doce, indispensável ao consumo humano, à agricultura e à indústria, é o recurso mais ameaçado. Assim, grande parte da água usada para resfriar os data centers é automaticamente extraída de recursos doces subterrâneos ou superficiais, criando uma pressão suplementar sobre os aquíferos e rios.
Em algumas zonas áridas, o aumento dos usos relacionados à IA exacerba o estresse hídrico local já agravado pelas mudanças climáticas. Nesse sentido, conflitos de uso se manifestam entre os centros de dados e as populações pelo acesso à água, o que questiona a gestão responsável dos recursos naturais em escala global.
Exemplos de regiões onde o consumo de água da IA intensifica as tensões
- Iowa, Estados Unidos: Estado com estresse hídrico sazonal, onde piscinas de resfriamento foram objeto de controvérsias com agricultores;
- Espanha: Zonas semiáridas onde algumas operações tecnológicas usam volumes consideráveis de água, suscitando debates entre autoridades e empresas;
- Chile e Uruguai: Países já afetados pela escassez de água que veem a instalação de data centers aumentar a demanda local por água potável.
O equilíbrio entre desenvolvimento digital e disponibilidade sustentável dos recursos hídricos impõe-se agora como um desafio crucial e uma questão política inevitável para os próximos anos.
O custo real de uma consulta IA: além da eletricidade, um consumo significativo de água
Além das infraestruturas globais, é essencial compreender o consumo de água na escala dos usos individuais e cotidianos da inteligência artificial. Para as centenas de milhões de usuários que interagem diariamente com agentes conversacionais, assistentes virtuais ou motores de busca inteligentes, cada consulta gera um gasto energético e hídrico.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riverside quantificaram assim o impacto em água de uma simples interação com um chatbot IA. Uma sessão média contendo entre 10 e 50 perguntas pode consumir perto de 50 centilitros de água, o que pode parecer baixo para um indivíduo, mas traduz um desperdício significativo quando multiplicado em escala global.
Para tornar isso mais tangível, é útil converter esses dados em comparação diária: se um bilhão de usuários fizerem cada um uma dezena de perguntas, isso significa o uso de centenas de milhões de litros de água pura por dia somente para manter os servidores frescos. O Google reconheceu que sua IA Gemini consome sozinha o equivalente a cinco gotas de água por simples requisição.
Esse consumo levanta uma questão maior sobre a sustentabilidade da popularização crescente dos modelos de IA. Como manter o desempenho tecnológico limitando a pressão sobre os recursos hídricos?
Algumas abordagens para reduzir o consumo hídrico por consulta IA:
- Desenvolver modelos mais otimizados e menos famintos por recursos materiais;
- Utilizar técnicas de resfriamento em circuito fechado para limitar a evaporação;
- Promover fontes de energia renováveis menos dependentes de água;
- Instalar centros de dados em regiões com baixo estresse hídrico.

Transparência e responsabilidade: um desafio político para regulamentar o consumo de água da IA
Diante dos desafios ambientais postos pelo consumo de água relacionado à inteligência artificial, a questão da transparência dos gigantes tecnológicos é premente. Hoje, as informações sobre o impacto ecológico específico da IA permanecem fragmentadas e misturadas com outras atividades em nuvem, o que impede uma avaliação clara dos desafios.
As administrações locais, autoridades ambientais e grupos de cidadãos exigem um acesso mais amplo aos dados sobre o consumo de água e energia das infraestruturas digitais. Isso permitiria avaliar precisamente os custos sociais e ambientais e orientar as políticas públicas para uma gestão mais equitativa dos recursos.
Além disso, a implementação de uma aliança sustentável para a IA, como iniciada durante a cúpula internacional em Paris em 2025, visa aproximar Estados, empresas e sociedade civil para impulsionar normas ambientais ambiciosas. Essa aliança incentiva a adoção de tecnologias sóbrias, responsáveis e respeitosas dos limites planetários.
Sem um compromisso forte e concertado, a progressão da inteligência artificial pode agravar os problemas relacionados aos recursos naturais, especialmente a água, comprometendo seriamente seu papel esperado na transição ecológica global.
A relação paradoxal entre IA, consumo de água e combate às mudanças climáticas
Um dos principais paradoxos da revolução digital reside no fato de que a inteligência artificial é ao mesmo tempo uma das soluções consideradas para atenuar as mudanças climáticas e uma fonte importante de pressão sobre os recursos naturais. De fato, a IA facilita a modelagem dos fenômenos climáticos, a otimização energética, a gestão inteligente das infraestruturas e favorece a inovação em energias renováveis.
No entanto, o consumo de água e energia que ela gera freia esses avanços. O ciclo de produção e uso da IA, envolvendo também redes da internet, centros de dados e indústrias associadas, apresenta um impacto ecológico considerável. Assim, sem uma orientação sustentável em sua concepção e operação, a IA pode tornar-se um “círculo vicioso” onde seus próprios meios de ação são limitados por seu impacto ambiental.
O setor está consciente dessa contradição e trabalha para integrar abordagens menos consumidoras de recursos. Pesquisas avançadas sobre resfriamento sem água, uso maciço de energias renováveis e desenvolvimento de sistemas de IA mais eficientes estão em andamento. O desafio é alcançar um equilíbrio onde a inteligência artificial continue sendo uma alavanca a serviço do meio ambiente, sem comprometer os recursos vitais dos quais depende toda a vida.
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A IA necessita de enormes infraestruturas de servidores que produzem muito calor. Para resfriá-los, grandes quantidades de água são usadas, frequentemente via sistemas de evaporação. Além disso, a produção de eletricidade que alimenta esses centros usa também muita água no resfriamento das usinas.
Como o aumento do consumo de água da IA pode impactar as populações locais?
Em algumas regiões já submetidas ao estresse hídrico, a presença de data centers pode agravar a escassez da água disponível, provocando tensões com os usos agrícolas e domésticos das populações.
Quais soluções existem para reduzir esse consumo de água ligado à IA?
Técnicas de resfriamento em circuito fechado, uso de energias renováveis, instalação de centros de dados em áreas com baixo estresse hídrico e melhoria da eficiência dos modelos de IA estão entre as estratégias exploradas para diminuir o impacto ecológico.
Cada consulta IA tem um impacto concreto no consumo de água?
Sim. Cada interação com uma IA consome uma quantidade mensurável de energia e água, especialmente para resfriar os servidores. Embora baixo na escala individual, o impacto global torna-se massivo com centenas de milhões de usuários.
A IA pode ajudar a resolver a crise climática apesar do seu impacto?
A IA é uma ferramenta poderosa para modelar e combater as mudanças climáticas, mas isso requer que seu desenvolvimento seja orientado por princípios de sustentabilidade para limitar sua pegada ecológica, especialmente em termos de consumo de água e energia.